As portas da arte transcendem o imaginado sendo a Fé o acesso a este não imaginado. Sem a Fé não existe a nossa relação directa com o sagrado, fonte de toda a criação. A Fé, como pedra angular da estrutura da criação leva-nos à percepção da existência da realidade interna e externa – A Consciência.
O primeiro requisito para que se revele o impulso criador é a coragem de ousar oriunda da Fé e para termos este contacto é preciso apagar a consciência racional e permitir uma abstracção total de qualquer realidade conhecida, admissível ou plausível. Ousar criar é a magia, maestria ou magistério do domínio de si mesmo. Ousar criar é poder errar como um exercício profundo de liberdade.O trabalho criador processa-se em estados de consciência quase oceânicos, no limiar do inconsciente pessoal com o Inconsciente colectivo onde repousam os arquétipos e os símbolos. O produto deste trabalho – a obra de arte, age como um útero envolvente que recebe as projecções da individualidade do artista e emite um abraço.
Factor de comunicação, a obra de arte funciona como se fosse outra pessoa viva com quem estivéssemos a conversar. É de tudo isto que advém o seu forte potencial curativo pois a Fé, o ousar errar, o encontro com os símbolos, o estado de consciência quase oceânico, leva o criador a uma sóbria aceitação das suas imperfeições e à esperança de integração de todas as suas partes. Em suma, à aceitação da sua humanidade.
Alguns esotéricos consideram a Arte uma forma de expressão primária e pouco dialogante com a Graça Divina, pessoalmente considero, que quando crio, estou num estado meditativo, o que me leva obviamente a um dialogo com o meu ser interno, permitindo assim passar para o objecto do meu trabalho, o resultado de esse mesmo dialogo. A Arte sendo interventiva, também pode, e serve, de ponte no “caminho” de quem a observar e admirar. E quantos de nós, já sentimos ao observar ou ouvir alguma forma de expressão do entendemos como Arte, autênticos hinos de gratidão ou e enaltecimento a Quem é mais Digno de os receber!
Paz Profunda
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
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